DeSantis deve lançar candidatura amanhã, em conversa com Elon Musk num Twitter Spaces
Nos EUA, diferentemente do Brasil, o candidato que disputa eleições é definido por eleições primárias, em que os eleitores registrados de um determinado partido votam para escolher quem será o seu representante no pleito.
No caso presidencial, as primárias ocorrem em praticamente todos os estados.
Nesse sentido, o Partido Republicano é mais democrático que o Partido Democrata, que também conta com primárias, mas criou a figura dos "super-delegados", usualmente burocratas do próprio partido que tem um poder de voto maior que os eleitores comuns e podem definir a indicação na convenção partidária.
Para as eleições do ano que vem, a disputa republicana parece afunilar para dois nomes: Donald Trump e Ron DeSantis, o govenador da Flórida.
O nome de Trump tem crescido nas pesquisas, após a campanha judicial contra ele, com busca e apreensões na sua casa por supostos documentos secretos que ele estaria guardando sem seguir protocolos de segurança, o indiciamento forçado de um lançamento de gasto eleitoral, por um promotor de extrema-esquerda de NY, eleito com dinheiro de George Soros, e a condenação absurda de reparação por conta de um suposto caso de assédio ocorrido na década de 90, em que a suposta vítima nem mesmo sabe precisar o ano do "ataque".
Entre os eleitores republicanos, há uma clara percepção que Trump é vítima de uma perseguição pelo Deep State. Por outro lado, o governador da Flórida se apresenta como um jovem em comparação a Trump, que apresenta uma postura conservadora, porém, mais refinada, sem os arroubos do "homem laranja".
DeSantis tem feito um governo brilhante na Flórida, aprovado pela maioria do eleitorado. Num estado que costumava alternar entre governadores democratas e republicanos, DeSantis venceu a reeleição com 60% dos votos nas últimas eleições.
O governador tem adotado uma postura de liberalismo econômico em conjunto com medidas conservadores, como duro combate ao crime e oposição às agendas extremistas de esquerda, como a ideologia de gênero.
Ele passou recentemente uma lei para proibir livros promovendo sexualização para menores de 12 anos, por exemplo. Pesquisa recente mostra que a maioria dos democratas aprovou a medida.
O fato é que há uma onda de imigração para a Flórida, o estado que mais tem recebido pessoas vindas de outros estados, muitos casos fugindo da explosão de criminalidade em cidades e estados governados por democratas, resultado das desastrosas políticas de desencarceramento em massa e pelo tratamento de criminosos como "vítimas da sociedade" que os brasileiros conhecem bem.
A percepção geral é que Trump é o candidato com mais apelo junto ao eleitorado republicando, mas que tem menos chances de ganhar numa eleição presidencial por conta do seu alto índice de rejeição entre democratas e independentes.
Os democratas sabem disso e preferem Trump como opositor, chegando ao ponto de promover anúncios contra DeSantis nas últimas semanas, na televisão aberta.
O possível anúncio de DeSantis amanhã, em conversa com Trump, abre oficialmente as primárias.
Interessante perceber que Elon Musk, um dos homens mais ricos do mundo, e dono do Twitter, esteja de uma certa forma avalizando sua candidatura.
Mais do que nunca, o Twitter terá papel decisivo nas próximas eleições, e pode oferecer um contraponto à imprensa tradicional que basicamente virou um braço do Partido Democrata. Além disso, outras empresas de tecnologia, como Meta e Google, também operam agressivamente a favor da esquerda. Mark Zuckerberg chegou a investir mais de US$ 500 milhões de dólares nas últimas eleições em ONGs que operaram para recolher as cédulas eleitorais enviadas por correio, favorecendo fortemente Biden.
Muito provavelmente, foi isso que definiu o pleito.
DeSantis tem como desafio se apresentar ao público como um candidato com mais chances de vitória do que Trump, mas sem atacá-lo diretamente, visto que ele precisa do eleitorado simpático ao ex-presidente. Já Trump não tem essa preocupação, e tem atacado sistematicamente o governador nos últimos meses.
O apoio de Musk, que disse nunca ter votado num republicano antes, é um sinal que DeSantis é de fato um candidato mais palatável aos eleitores de centro e centro-esquerda que não gostam de Trump, mas também não apoiam a guinada para a extrema-esquerda dada pelos democratas nos últimos anos.